segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Poço da morte ou da vida?!...apenas canhão da Nazaré

O canhão da Nazaré é o maior desfiladeiro submarino da Europa e um dos maiores do mundo, tendo  uma extensão de cerca de 200 km e chega a atingir os 5 000 m de profundidade.
Rico e diverso em vida marinha, tem vindo a ser alvo de vários estudos por parte da Marinha Portuguesa, e várias outras instituições, nacionais e estrangeiras, com o objectivo e como argumento para expansão da ZZE (Zona Económica Exclusiva Portuguesa). 
  A sua origem é desconhecida já que estas estruturas estão associadas a grandes rios, servindo de vazadouros dos seus sedimentos, o que não acontece no caso da Nazaré. Há estudos que indicam a existência, noutras eras geológicas, de um rio possivelmente o Mondego que, por movimentos tectónicos, poderá ter sido desviado para norte.
O canhão influencia, a plataforma continental e a região costeira, bem como, as espécies e os ecossistemas específicos do próprio canhão e o transporte de sedimentos das zonas costeiras para o largo. O canhão funciona como um gigantesco aspirador de areia.
Só recentemente começou a ser estudado, pelo projecto Hermes (programa que reúne equipas de diversos organismos de investigação cientifica de toda a Europa), financiado pela União Europeia. O projecto prevê o levantamento minucioso do fundo do mar, com identificação de correntes, sedimentos e biodiversidade para tentar ajudar a perceber um dos mistérios do mar português.
O levantamento biológico da flora e fauna do mar da Nazaré já trouxe à luz do conhecimento novas espécies, como os protozoários (organismos unicelulares), envolto numa concha protectora achatada composta por finas partículas minerais, que vivem na superfície dos sedimentos e um tubarão a 3 600 metros de profundidade, assim como diversas colónias de corais.
Pressupõe-se ainda que no subsolo da zona envolvente do canhão, deverá estar a maior reserva de hidrocarbonetos da Europa, devido à existência de uma grande bacia de sedimentos que poderá reter grandes quantidades de petróleo, embora os estudos já realizados não indiquem viabilidade de exploração.

Figura 1- Vista superficial do local onde se encontra o desfiladeiro


Figura 2- Curvas de batimetria da Nazaré

O Canhão de Nazaré  funciona  também como um polarizador de ondulações. As ondas conseguem viajar em uma velocidade muito maior pela falha geológica, chegando na costa praticamente sem dissipação de energia. A Praia do Norte, na cidade de Nazaré, apresenta consistentemente ondas significativamente maiores do que o restante da costa portuguesa por conta do Canhão de Nazaré. 
No dia 01-11-2011 o surfista Garrett McNamara surfou uma onda que tinha cerca de 27,5 metros de altura, sendo a maior onda já surfada na história.






O Canhão da Nazaré é palco de processos dinâmicos e sedimentares extremamente energéticos e ainda pouco conhecidos, e pode constituir um local de refúgio que potencie o estabelecimento de ecossistemas marinhos profundos específicos, que importa conhecer.
Uma vez que a génese e a dinâmica do Canhão permanecem ainda como um mistério para os investigadores, achamos importante que a investigação multidisciplinar continue a ser realizada e apoiada por entidades competentes. 
E, acima de tudo, que o conhecimento permita preservar o mar português e as suas espécies.


Bibliografia:
www.nazare.oestedigital.pt/custompages/showpage.aspx?pageid=91ff1211-5d38-4b5f-810d-e95b4184ad41&m=b27
www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1297315)
www.freguesia-nazare.com/jf/index.php?Itemid=2&id=99&option=com_content&task=view www.cm-nazare.pt/download.aspx?x=2fd3187c-bd27-454b-beef-2c666217a3db http://websig.hidrografico.pt/www/content/documentacao/hidromar/2005/Hidromar90.pdf



Sónia Silva

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